FAOP restaura obras sacras de São José das Três Ilhas, distrito de Belmiro Braga (MG)

  • Imagem de São José de Botas

    Imagem de São José de Botas

  • Imagem de São Sebastião

    Imagem de São Sebastião

  • Imagem de Nossa Sra. do Rosário

    Imagem de Nossa Sra. do Rosário

A expectativa da conclusão do restauro das três esculturas pertencentes a cidade mineira é de um ano

A Fundação de Arte de Ouro Preto|FAOP já iniciou o trabalho de restauração de três obras sacras de São José das Três Ilhas, distrito de Belmiro Braga. As esculturas de São José de Botas, São Sebastião e Nossa Senhora do Rosário foram recolhidas do distrito no dia 26 de outubro de 2018, na Igreja Matriz de São José. Dois anos depois, em outubro de 2020, foram enviadas para restauração na FAOP.

Após a chegada das obras, foi necessário elaborar uma proposta de restauração, quando foram realizados testes químicos e registros fotográficos para que os profissionais, enfim, começassem os processos práticos, o que aconteceu no fim de janeiro. A obra de São José de Botas ficou sob responsabilidade do Núcleo de Conservação e Restauração, enquanto as outras duas foram atribuídas ao Laboratório de Conservação e Restauro Jair Afonso Inácio| Labcor. A previsão para a entrega das três esculturas é de 12 meses. 

Trabalho prático de restauração já começou

Agora, as três obras estão passando pelo mesmo processo, chamado “remoção da repintura". Isso significa que, com solventes e técnicas apropriadas,  as pinturas mais atuais estão sendo retiradas para que se alcance a pintura original da peça. Com isso, será possível resgatar a policromia e douramento originais das obras que foram identificados nos testes e realizar um melhor trabalho de restauração, já que pinturas sobrepostas tendem a descaracterizar as esculturas. 

Roberta Aparecida, uma das técnicas responsáveis pela restauração da obra de São José de Botas, revela que "todo o processo de remoção tem sido satisfatório e a camada original, revelada até o momento, encontra-se em bom estado de conservação”. Mas é preciso ressaltar que existe muito trabalho pela frente. 

Bianca Monticelli, coordenadora do Labcor, conta com o trabalho dos estagiários Matheus Santos, Luana Santa Maria e Rafael Jorio, alunos do Curso Técnico em Conservação e Restauro, da FAOP. “Acredito que essa é uma experiência muito importante para eles, apesar deles terem contato com obras durante o curso, a dinâmica e ritmo aqui no LABCOR é totalmente diferente”, afirma Bianca. O laboratório, inaugurado em 2018, presta serviço para acervos públicos e particulares, e dispõe de equipamentos de alta tecnologia, o que permite a recuperação precisa dos bens culturais restaurados.

Já no Núcleo de Conservação e Restauração, o trabalho com a obra de São José das Botas está sendo realizado pelas técnicas Elisa Diniz, Roberta Aparecida e Ludmila Ribeiro, orientadas por Ana Paula Mendes, coordenadora do núcleo. O clima, segundo Ana Paula,  é de ânimo e satisfação por colaborar com a recuperação das obras da Igreja Matriz de São José. “É sempre muito satisfatório para a equipe do Núcleo de Conservação e Restauração receber acervos comunitários, conservar, restaurar e poder devolvê-los à comunidade e à sua função artística e religiosa”, relata a restauradora.

Restauração é importante para a conservação histórica do município 

A presidente da FAOP, Júlia Mitraud, acredita que a restauração das obras será muito importante para a comunidade e, ao mesmo tempo, uma satisfação para toda a fundação: “Nós sempre ficamos felizes em poder entregar bens restaurados para suas comunidades, pois sabemos que a importância de uma obra sacra vai muito além dela apenas como um bem cultural, é objeto de devoção e fé para a paróquia e principalmente para os seus fiéis. Preservar o patrimônio, é também preservar a história”.

São José das Três Ilhas está localizado na região sul do município de Belmiro Braga, próximo à divisa com o Rio de Janeiro. O seu Centro Histórico, bem como a Igreja Matriz de São José, de onde saíram as obras, foram tombados em 10 de setembro de 1997, pelo conselho curador do IEPHA/MG. 

O padre Wesley Carvalho Neves, que também é administrador paroquial, revela estar muito feliz com o começo dos trabalhos e com o resgate histórico e religioso que será motivado com a devolução das obras restauradas. “Resgatar essas imagens é, de certa forma, zelar pela história do município, pela devoção da comunidade e por nossa igreja. Temos grande expectativa e esperança de receber essas imagens de modo original, e estamos ansiosos pelo retorno das obras”, afirma.

26/03/2021