Saberes e práticas populares marcam edição junina do Sextas Abertas

A edição junina do projeto Sextas Abertas, promovido pela Fundação de Arte de Ouro Preto (Faop), reuniu, no dia 13 de junho, uma programação cultural com oficinas, apresentações, exibição de um documentário e feira de arte e gastronomia. Com clima de festa junina, o evento movimentou a Praça Antônio Dias e a sede do Núcleo de Arte e Ofícios da Faop.
Várias oficinas foram realizadas ao longo do dia, voltadas para públicos diversos. Entre os destaques, a oficina de gastronomia com Plantas Alimentícias Não Convencionais (PANCs) foi conduzida pela chef e pesquisadora Kate Bandeira, especialista em cultura alimentar e idealizadora do projeto “Mato de Comer – Merendas de Quintal”. “Eu pesquiso sobre PANCs e matos de comer, que é o que a gente veio apresentar hoje aqui nas oficinas. O meu projeto tende a valorizar a gastronomia local e os produtores locais, trazendo conhecimento para merendeiras das escolas públicas e para a população em geral. Dessa forma, essa sabedoria nunca vai acabar e vai sempre se perpetuar”, disse a chef.
Na oficina de confecção de luvas com feltragem molhada, os participantes aprenderam, na prática, sobre essa técnica ancestral de criação têxtil. Sandra Mara Mourão Cardinale participou da atividade e relatou que a oficina foi uma novidade. “ O curso foi altamente didático, a metodologia da professora foi fantástica. Tivemos ótimos resultados. Cada um saiu com seu próprio produto, uma luva feita a partir da lã na sua forma original, com todo o processo explicado. Achei sensacional”, contou a aluna.
A percussionista, cantora e compositora Daniela Ramos, de 47 anos, foi responsável pela oficina de Maracatu de Baque Virado, ritmo afro-brasileiro tradicional. “É importante estar dentro de todos os espaços culturais. O Brasil é um país com maioria da população negra, mas essas pessoas ainda não ocupam todos os espaços – inclusive na cultura. Se é cultura popular, é meu, é seu, é nosso. E é fundamental que isso esteja acessível”, reforçou Daniela.
Estudantes do 4º ano da Escola Municipal Padre Carmélio também marcaram presença, participando da oficina de iniciação ao malabarismo com o arte-educador Rafael Vieira. Bernardo, aluno da turma, contou que já tinha tido contato com a prática, mas nunca de forma tão completa. “O que eu mais gostei foi do aro e da concentração. Se a gente não tem concentração, não consegue fazer. Tem que treinar, ter calma e prestar atenção no professor”, disse o estudante.
Também do 4º ano, David Augusto teve seu primeiro contato com a Faop durante o evento. “Nunca tinha vindo aqui. Aprendi muitas coisas, até coisas que eu nunca vi na minha vida. Foi ótimo, me diverti muito com meus amigos”, completou.
Durante o evento, foi exibido o curta-metragem “Um dia no coração de uma mulher”, dirigido por Bárbara Mol, que aborda a poética da xilogravurista Ana Fátima Carvalho, conhecida como Fatinha, professora no Núcleo de Artes e Ofícios da Faop. Após a exibição, aconteceu uma roda de conversa com a equipe de produção. O filme proporcionou ao público um momento de escuta e troca sobre processos criativos, arte e memória, valorizando a trajetória e ancestralidade de mulheres artistas e os saberes locais.
A avaliação dos resultados também foi positiva para a gestão da Fundação. Segundo Wirley Rodrigues Reis, presidente da Faop, o evento superou as expectativas.“Recebemos cerca de 1000 pessoas nessa edição que contou com 15 atrações artístico-culturais. Os números de visitantes e participantes nas oficinas, na feira e nas apresentações refletem o compromisso e o trabalho da Faop em manter viva a arte e a cultura em Ouro Preto. Além da nossa programação habitual, tivemos ainda o privilégio de contar com o clima festivo das celebrações juninas, que abrilhantou ainda mais o “Sextas Abertas”. Esse encontro foi um importante momento de valorização de saberes locais e de cultivo de laços com a comunidade, reforçando o papel da Faop como um espaço de encontro, formação e preservação da nossa identidade cultural”, declarou o presidente.
O projeto Sextas Abertas – Edição 2025 é patrocinado pela CEMIG, por meio da Lei Estadual de Incentivo à Cultura de Minas Gerais. A iniciativa tem idealização e co-realização da FAOP, apoio do Instituto Território Criativo e realização da IRENI – Inteligência em Eventos, em parceria com o Governo de Minas Gerais.