A Fundação de Arte de Ouro Preto (Faop) inaugurou, na última sexta-feira, 05 de dezembro, a exposição Nkenda, da artista mineira Dri Sant’ana, na Galeria de Arte Nello Nuno, Sala III. A mostra permanece em cartaz até 24 de janeiro de 2026, com entrada gratuita.
Nkenda, é uma palavra de origem Kikongo que significa “caminho” ou “caminho para dentro de si”. a exposição apresenta pinturas inéditas desenvolvidas entre 2023 e 2024, período em que a artista realizou uma residência artística em Luanda, Angola. Segundo Dri Sant’ana, esta exposição é um marco em sua trajetória. “Por ser minha primeira exposição individual, Nkenda representa um marco importante na minha trajetória artística. A individual me permite apresentar, de forma mais profunda, o meu processo de pesquisa e criação. É a materialização de um desejo antigo como artista”, afirma. Ela destaca ainda a importância simbólica da estreia acontecer em Ouro Preto, “cidade que tem tanta importância histórica e cultural para o povo negro”.
A experiência no continente africano ampliou sua pesquisa visual e aprofundou o diálogo com a ancestralidade que atravessa sua trajetória. Dri Sant’ana é integrante de um Terno de Congo de Nossa Senhora do Rosário, grupo tradicional das celebrações do Congado, manifestação cultural e religiosa de matriz africana presente em diversas comunidades de Minas Gerais. Esses grupos mantêm vivos rituais, cantos e cortejos que celebram memória, fé e resistência. Nascida em Betim, a artista reside em Cláudio desde 2021, e traz para sua pintura esse universo simbólico, entrelaçando referências de Minas Gerais e da África Central.
As pinturas reunidas na exposição evocam memória, espiritualidade e resistência, construindo um território visual onde passado e presente se entrelaçam. Em Nkenda, gesto e cor tornam-se caminhos de retorno, revelando a ancestralidade como força que permanece e orienta.